A depressão e seus níveis vêm sendo tratada na mídia, com certa frequência, tendo em vista que no Brasil, em 2016, cerca de 80 mil trabalhadores foram afastados pela Previdência Social em razão dessa doença. Em nosso país, o número de casos chega a um total aproximado de 11,7 milhões (2018) e vêm aumentando gradativamente. Hoje, o nosso país é considerado o campeão de casos de depressão na América Latina, com 5,8% da população com esse diagnóstico fechado. Atualmente, o assunto tem entrado em pauta trazendo inclusive as celebridades, vítimas da doença ou até algumas que tentaram o suicídio, como por exemplo, há alguns anos, divulgaram o caso do ator Robin Williams. Novos dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os casos de depressão estão aumentando globalmente – 18,4% desde 2005 e que, até 2020, a doença será a enfermidade mais incapacitante em todo o mundo.
Da mesma forma em que vêm acontecendo com as infecções sexualmente transmissíveis e com o câncer, as informações sobre seus sintomas, tratamentos, as formas de prevenção e principalmente a maneira natural de lidar com esta doença, precisam ser mesmo divulgadas na mídia, desmistificando-a, tornando-a muito bem-sucedida quando as pessoas passam a conhecer melhor todos esses problemas. A primeira medida preventiva sempre será a educação, portanto, é preciso deixar de ter receio em falar sobre o assunto, desfazer tabus e encarar o fato que doenças existem, acometem o ser humano e devem ser devidamente tratadas.
Ao referirem à depressão em diferentes mídias de longo alcance, tendo a imprensa o papel fundamental nesse contexto, faz-se necessário a população checar as fontes, saber se há embasamento científico nas informações dadas, analisar os objetivos da divulgação, porque em cima dessas notícias, às vezes trágicas, existe outro lado: o lado humano, das famílias, de pessoas que estão envolvidas e extremamente necessitadas de um acolhimento, cheias de culpa, medos, buscando saída e solucionar aquele problema. E se de repente chegam comentários errados, equivocados e negativos de uma notícia que saiu na mídia, sensibiliza os que estão passando por esse diagnóstico.
É muito importante mostrar as pessoas que superaram com o devido tratamento, todo o sofrimento presente na depressão. Ver que com alguém deu certo, torna-se um ótimo motivo para confiar que consigo também será possível resolver toda a dor. Esse processo é uma verdadeira batalha, e quanto mais positividade, mais apoio, mais incentivo o paciente com depressão tiver, menos difícil se tornará essa guerra…
Ainda é necessário quebrar alguns paradigmas, preconceitos e estigmas enraizados aos transtornos psicológicos, os quais colaboram para a evolução da doença, pois são mal interpretados, encarados como uma simples tristeza ou preocupação momentânea, ou pelo contrário, se percebe uma tendência a “patologização” (enxergar doença em qualquer tipo de sentimento) por qualquer chateação, contrariedade, chamando-as de depressão. É preciso bom senso, ética, responsabilidade e conhecimento técnico para realizar qualquer diagnóstico.
O assunto é tão sério que muitas vezes o tratamento requer mais do que a psicoterapia… O uso de medicamentos prescritos por um psiquiatra auxilia em muitos casos. Por isso, especialistas alertam que a depressão e demais transtornos afetivos, precisam ser encarados de forma mais séria pelas pessoas, lembrando que é uma doença e exige um acompanhamento profissional e/ou multiprofissional.
Nossa função de psicólogos nesse tipo de tratamento é encontrar meios de ajudar o paciente a se sentir melhor, orientando-o a buscar alternativas para aliviar o sentimento de dor, tristeza, desânimo presentes nessa doença. E propiciar meios de o indivíduo reconstruir sua autoestima, a fim de poder traçar novamente metas, acompanhando-o nessa trajetória. Na maioria dos casos, essa terapia com o psicólogo por meio de consultas, juntamente com as intervenções do psiquiatra, resolvem o problema, mas exigem paciência e muita determinação do paciente para atingir o sucesso.
Por Cristiane Richter – Psicóloga & Acupunturista do Espaço Vida Centro Terapêutico.
Referências Bibliográficas
SOARESA – Giovana Bacilieri – Depressão em Pauta: Um Estudo Sobre o Discurso da Mídia – 2009 – Acesso em: 02/09/2019.
BORBA – Caroline e MELLO – James – Brasil sofre com epidemia de ansiedade e depressão – 2017 – Acesso em: 03/09/2019.
Nações Unidas Brasil – OMS registra aumento de casos de depressão em todo o mundo; no Brasil são 11,5 milhões de pessoas – 2017 – Acesso em: 03/09/2019.