Organização de Regras Familiares

A família, enquanto uma instituição social sofreu muitas mudanças, principalmente nesses últimos dois séculos, em sua concepção até chegar ao modelo nuclear atual. As relações dos integrantes deste grupo são pautadas na subjetividade dos sentimentos, fato que justifica, muitas vezes, o amor existente entre os familiares, mesmo sem uma correlação consanguínea. A família sendo um grupo informal, no qual as pessoas estão ligadas por afeto e afinidades, criam vínculos que garantem a convivência por conta destas características.
Os filhos hoje em dia tornaram-se imagens vivas de seus pais, os quais são os responsáveis pela criação, assumindo funções morais e espirituais de seus rebentos. (Ariès, 1986).
Este papel dos pais na vida dos filhos, de transmitir valores e crenças sobre o mundo, colabora para que as crianças se tornem adultos éticos no futuro. 
A maneira como os pais transmitem seus valores aos pequenos, expressa muito sobre sua forma de ser e de exercer sua função de educador. As habilidades para educar sem chocar ou traumatizar as crianças é um desafio e não existe uma fórmula pronta para que se atinja o sucesso.
Para que os pais atinjam os objetivos de educar de maneira satisfatória seus filhos, dependerá do modo como aplicam seus conhecimentos acerca do mundo. E esse fator relaciona-se com a expressão “liderança familiar”, usado para indicar as diferentes formas de se estabelecer limites na vida dos filhos, os quais são reflexos do modo como se exerce a autoridade sobre as crianças.
Seja qual for à forma que os pais exercem liderança sobre seus filhos, é necessário que eles saibam que existem algumas regras que não são passíveis de negociação, que são indiscutíveis, como por exemplo, fazer higiene pessoal, vestir-se, estudar ou ir dormir, não podendo ser revogável. Entretanto, um passeio ou visita a um familiar, podem ser conversado até encontrarem um consenso.
Alguns podem até não acreditar, mas as crianças não só precisam de regras, como gostam delas. Contudo, quando alguns pais transformam as regras em um fardo, uma determinação opressora, deixa de ser agradável. As regras são importantes em um lar, na escola, nos clubes, no comércio, enfim em todos os âmbitos em que as crianças circulam, a fim de oferecerem direção e possibilitar que conquistem suas metas de forma mais produtiva, organizada e prazerosa. E se forem solicitadas de maneira sutil e branda, mas desde cedo, os filhos vão encará-las como um hábito e se acostumarão com elas como se fossem qualquer outra atividade diária.

MODELO PARA SUGESTÃO DE QUADRO DE REGRAS A SER CONSTRUÍDO PELA FAMÍLIA


Claro que a autoridade máxima nos lares, é sempre dos pais. Mas uma boa sugestão para que as regras sejam encaradas de forma prazerosa é fazer com que os filhos participem da definição delas, sugerindo ações, sansões, como se a família fosse um grande conselho. Assim, os filhos aprendem a identificar melhor o que é certo e errado, e o que é regra, o que é apenas uma sugestão e as consequências do não cumprimento de cada uma delas.
Quando a família for construir e aplicar as regras da casa, é importante que estas estejam organizadas, compreendidas por todos e quem sabe, até registrada num mural lúdico e em um local visível para todos.
Ensinar que cada coisa tem sua hora, maneira adequada e lugar apropriado para se realizar, são lições indispensáveis para que os filhos construam sua própria visão de mundo. Isso costuma acontecer no final da primeira infância, antes disso, você é quem deve conduzir as ações para que ele aja de forma segura no mundo. Conhecer os limites em relação ao outro, por exemplo, é essencial para que a criança construa sua vida social, respeitando as pessoas, as diferenças entre elas, mesmo fora do convívio familiar.
Nada como bate-papos diários pra explicitar os pensamentos comuns da família sobre comportamentos e normas a serem cumpridas. E nesse sentido, vale inclusive, os pais fazerem um “fórum crítico” em família acerca dos desenhos animados, em que apresentam personagens de diferentes contextos familiares. Muitas vezes, as próprias crianças conseguem analisar e julgar se a “Peppa Pig”, por exemplo, está sendo gentil ou agressiva com seu papai… Todos os integrantes da família são importantes no momento do diálogo sobre as regras.
Destaca-se que os pais são os modelos a serem seguidas pelos filhos, nesse sentido, suas condutas no respeito para com as regras, não podem ser apresentadas como exceções. Por fim, tente ensinar tudo o que acreditam e tem convicção para seus filhos, usando uma linguagem adequada a seu nível de compreensão. O diálogo e o exemplo formam o melhor caminho para uma educação respeitosa, democrática, de qualidade.

Por Cristiane Richter – Psicóloga & Acupunturista no Espaço Vida Centro Terapêutico.

Referências Bibliográficas
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. (trad. Dora Flaksman) 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
SIQUEIRA, H. S. G. Pós-modernidade, política e educação. Departamento de Sociologia e Política da UFSM. Recuperado em 24 nov. 2006, da Pós-modernidade, Política e Educação: <http://www.angelfire.com/sk/holgonsi>
RIBEIRO, Paulo Silvino. “Família: não apenas um grupo, mas um fenômeno social”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-um-grupo-mas-um-fenomeno-social.htm. Acesso em 06 de setembro de 2019.

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