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Para se falar sobre o tema que virou inclusive Reality Television em muitos países, expondo as dificuldades, limitações e/ou patologias das pessoas, sugiro em primeiro lugar, uma revisão no velho e tradicional Dicionário:

HÁBITO: Tendência ou comportamento, geralmente inconsciente, que resulta da repetição frequente de certos atos; rotina; automatismo.

COLECIONAR: Reunir em coleção, coligir, recopilar, copilar, antologiar. 

ACUMULAR: Fazer cúmulo de coisas, armazenar muitas coisas, amontoar, juntar simultaneamente muitas coisas.

COMPULSÃO: Ato ou efeito de compelir ou forçar; impulso irresistível que leva à repetição de um ato, independentemente da vontade do sujeito.

Popularmente a imagem acima é indicada como excesso de bagunça, falta de organização, entre outras identificações muitas vezes pejorativas. Contudo, o acúmulo desordenado, o ato desenfreado e compulsivo de amontoar coisas, há mais de três meses, trazendo consequências para a vida do próprio acumulador, bem como dos que vivem com ele, refere-se a uma psicopatologia incluída recentemente na nova edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-5 da American Psychiatric Association (APA) (2013a). 

Tal transtorno apresenta como principais sintomas à necessidade de coletar intencionalmente objetos ou animais, à dificuldade em desfazer-se dessas posses e, por consequência, a problemas de organização e segurança, associados ao ambiente de convívio. As pessoas que acumulam, possuem dificuldade “patológica” em se desfazer desses objetos, mesmo que estes não apresentem mais utilidade ou causem desorganização, risco de sinistro ou infestação de insetos e roedores…

Cabe ressaltar, que os sintomas apresentados “podem” inclusive, representar a existência de outro transtorno mental associado (isto é, esquizofrenia, outros transtornos psicóticos, autismo, demência, retardo). Tanto as obsessões quanto as compulsões, acarretam sofrimento e prejuízo social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida cotidiana do indivíduo. 

Ao se questionar em como esse processo se inicia, cabe observar as formas de aquisição de objetos que se transformam em acúmulos como: compras compulsivas (mesmo ultrapassando limites de seu orçamento), coleta livre repetida e, até mesmo, furtos. Destacam-se, ainda, características evidentes como o consumismo, o desejo de uma organização com incapacidade total de realizá-la, a falta do controle de impulsos e a ausência de limites e juízo crítico limitado.

Muitas pessoas acumuladoras tentam de várias maneiras, justificar seus comportamentos disfuncionais, mencionando que são colecionadores, que têm projetos para cada grupo de objetos acumulados, etc. É muito comum negarem-se a aceitar ajuda familiar e tão pouco profissional. Nestes casos, até se empenham e conseguem diminuir a intensidade de seus sintomas, na tentativa de mostrarem que apresentam controle sobre essa situação, porém é por um curtíssimo tempo.

Em meio a esse conflito todo, os indivíduos acumuladores apresentam enorme medo de perderem ou desfazerem-se de objetos que possam vir a ser importantes no futuro, ou pela sua conexão emocional associada. Sentem que tais objetos preenchem um espaço emocional, os quais não suportariam sentir vazio. Perante esses sentimentos de medo, sofrimento, frustração, carência, entre outros, faz-se necessário à intervenção profissional para ajudar e tratar esses pacientes que elevam imensamente o nível de ansiedade diante da pressão externa. O julgamento e as críticas que muitas vezes enfrentam, tende a agravar ainda mais esse quadro. Faz-se necessário por parte dos que convivem com esses indivíduos acumuladores, uma postura firme, sem ser agressiva, com o estabelecimento de limites e prazos para mudanças e busca de apoio profissional. A amorosidade e o respeito pelos espaços de cada um são fatores que propiciarão a segurança de compartilhar essa dificuldade com um profissional.

A Psicoterapia numa modalidade de tratamento que consiste num método focado, de caráter breve e com sessões estruturadas, cujo objetivo compreende a reestruturação do pensamento e as mudanças cognitivas e comportamentais, que consiste na psicoeducação, no estabelecimento das metas e no uso de técnicas específicas, treino de habilidades sociais e emprego de estratégias motivacionais, pode ser o recurso indicado para o tratamento desses pacientes. Em alguns casos, esse processo terapêutico prevê inclusive a realização de algumas sessões na casa do paciente, o que pode ser considerado uma opção alternativa, viável para esses quadros. A psicoterapia também é combinada com a medicação, acompanhada pelo psiquiatra, a fim de ajudar a maximizar os resultados. 

Após essas informações, é provável que a primeira sugestão de título para esse artigo, ilustrado pela imagem acima tenha mudado…

Reflitamos: “JULGAR SEM CONHECER NADA MAIS É DO QUE PRECONCEITO”.

Por Cristiane Richter – Psicóloga & Acupunturista do Espaço Vida Centro Terapêutico.

Referências Bibliográficas

Caballo, V. E. (2008). Manual de transtornos da personalidade: descrição, avaliação e tratamento. São Paulo: Santos.
Lima, R. (2011). Acumuladores compulsivos: uma nova patologia psíquica. Rev. Espaço Acadêmico, 11 (126), 208-15.

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