Em plena pandemia mundial do Coronavirus (2020), parece ser conveniente compreender e diferenciar alguns sintomas e problemas tão mencionados nesse período, o qual vem trazendo à tona sentimentos intensos de medo, insegurança e solidão. Oportunizar o acesso a esse tipo de informação, propiciar esclarecimentos, bem como abrir espaços de diálogo e principalmente escuta sobre essas situações, faz-se necessário, uma vez que se objetiva a qualidade e o equilíbrio psicoemocional dos indivíduos.
Não é difícil observarmos pessoas leigas diagnosticando certos transtornos, casos de automedicação e o julgamento equivocado e discriminatório muitas vezes, sobre algumas doenças. Neste período em que toda a população está atenta aos sintomas que vão de um simples espirro à falta de ar, tudo vira uma hipótese de Covid 19, gerando insegurança.
Segundo o DSM V, esta síndrome refere-se a uma condição mental psiquiátrica. Síndrome ou transtorno do pânico (ansiedade paroxística episódica) é uma doença que se caracteriza pela ocorrência repentina, inesperada e de certa forma inexplicável de crises de ansiedade aguda marcadas por muito medo e desespero, associadas a sintomas físicos e emocionais aterrorizantes, que atingem sua intensidade máxima em até 10 minutos.
Para a Dra. Luciana Sarin, psiquiatra do Programa de Distúrbios Afetivos (PRODAF) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o indivíduo sente que está perdendo o controle, acredita que está tendo um infarto ou até mesmo morrendo.
É muito comum constatarmos nos portadores da síndrome do pânico, históricos de quadros depressivos, recentes ou antigos. Cabe ressaltar inclusive, que em alguns casos, algumas pessoas buscam no consumo frequente do álcool, na maconha ou outras drogas, uma saída para aliviar as crises de ansiedade.
A diferença entre ansiedade e síndrome do pânico está na intensidade dos sintomas e na imprevisibilidade de sua ocorrência, bem como na frequência em que ocorrem. Enquanto a ansiedade tem causas mais lógicas e concretas, como por exemplo, uma contaminação de uma doença viral endêmica, a realização de uma prova de um concurso muito concorrido, um desafio a ser enfrentado ou uma situação delicada que está prestes a ocorrer como uma cirurgia delicada de algum familiar… Já a crise de pânico não tem hora nem motivo aparente e concreto para começar.
Além do histórico de doenças, conforme já citado, os momentos de estresse, em particular relacionados com perdas significativas, tornam-se gatilhos para o início de uma primeira crise. Outros aspectos podem aumentar o risco do desenvolvimento do pânico, como o abuso sexual e físico, tabagismo, neuroticismo (uma tendência de ampliar as emoções negativas, que é característica do temperamento de algumas pessoas) e fatores genéticos. A síndrome de pânico, como outros transtornos psiquiátricos não tem cura. Contudo, com tratamento psicoterapêutico, associado ao tratamento medicamentoso, seja alopático ou homeopático, administrado por um médico e/ou homeopata, tratamento de acupuntura e suas inúmeras técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, favorecem a diminuição dos sintomas ou até com o passar dos meses, esses sintomas nem surgem mais…
Alguns sintomas são muito frequentes e caracterizam os ataques de pânico, os quais em geral, são de curta duração. Ressalta-se que pelo menos quatro dos seguintes sintomas precisam estar presentes para identificarmos como um ataque de pânico:
– Medo de morrer;
– Medo de perder o controle e enlouquecer;
– Despersonalização (impressão de desligamento do mundo exterior, como se a pessoa estivesse vivendo um sonho) e desrealização (distorção na visão de mundo e de si mesmo que impede diferenciar a realidade da fantasia);
– Dor e/ou desconforto no peito que podem ser confundidos com os sinais do infarto;
– Palpitações e taquicardia;
– Sensação de falta de ar e de sufocamento;
– Sudorese;
– Náusea;
– Desconforto abdominal;
– Tontura ou vertigem;
– Ondas de calor e calafrios;
– Adormecimento e formigamentos;
– Tremores, abalos e estremecimentos.
Essas experiências são muito desagradáveis, pois trazem a nítida sensação de morte, ou de perda de controle sobre si mesmo. Nesse sentido, o sentimento de impotência perante todos os sintomas físicos e essa falta de controle emocional leva ao desespero. Por consequência, o medo que os pacientes sentem dessas crises, pode afastá-los de suas atividades profissionais, sociais, na tentativa de fugirem de situações que julgam ameaçadoras, evitando desencadear outra possível crise. Afastam-se de situações como reuniões, festas, ambientes cheios de pessoas, transportes públicos, shopping, cinemas, mercado… E isolam-se a cada dia mais em suas casas, em seus quartos, onde se sentem mais seguros.
Tendo em vista todas as informações expostas, percebe-se que a combinação de psicoterapia e medicamentos, tem demonstrado bons resultados… Prática de Yoga, meditação, aplicação de Reiki entre outras práticas integrativas contribuem muito com esse processo.
Conclui-se que nem sempre é fácil identificar a diferença entre ansiedade e síndrome do pânico ou qualquer outro transtorno de ansiedade. Nesse sentido, é necessário procurar a ajuda de um psicólogo e/ou médico, caso apresente alguns dos sintomas listados, para que estes profissionais façam uma avaliação, bem como possam indicar o melhor tratamento e a necessidade de outro especialista para acompanharem juntos este caso.
Por Cristiane Richter – Psicóloga & Acupunturista no Espaço Vida Centro Terapêutico.
Referências Bibliográficas
Ministério da Saúde | Blog da Saúde – Síndrome do pânico afeta duas vezes mais mulheres do que homens – Acessado em 23/04/2020.
Sociedade Brasileira de Pediatria – Critérios para diagnosticar e tratar o transtorno de identidade de gênero são abordados em documento da SBP – Acessado em 28/04/2020.
ADAA – Anxiety and Dression Association of America | Panic Disorder – Acessado em 28/04/2020.
Mayo Clinic | Anxiety disorders – Overview – Acessado em 28/04/2020.
CFM – Conselho Federal de Medicina | Síndrome do Pânico – Acessado em 04/05/20220.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.