Sexualidade sua linda, acompanhe os 50 e poucos anos

ACOMPANHE A TRILOGIA de Cristiane Richter e Denise Hardt
I – Chegando aos 50 ou 50 e poucos anos… Como viver essa fase? (Novembro/2020)
II – Sexualidade sua linda, acompanhe os 50 e poucos anos (Dezembro/2020)
III – Metamorfoses corporais nos 50 e 50 e poucos anos… Vamos encarar? (Janeiro 2021)

Vimos no primeiro texto da trilogia, dos “50 e poucos anos” que até pode existir milhares de “receitinhas” sobre envelhecer de forma saudável, mas o mais importante nesta fase ficou evidenciado que é manter o pensamento, as ações, as aprendizagens, enfim todas as atividades que contribuam para o sentimento de valor pessoal, autoconceito e autoeficácia, em resumo, sua autoestima “equilibrada”. 

A experiência de envelhecer não pode se fixar na busca por evitar ou adiar o “inevitável”: a própria velhice. É uma fase que deve ser dedicada a valorização dos caminhos trilhados, bem como de se escolher com segurança, autonomia e empoderamento novos objetivos, os quais serão focados especialmente nos seus ideais, nos seus desejos e suas possibilidades… Fixar-se em manter um corpo e uma disposição de 20 anos, apenas servirá para gerar expectativas, ansiedade e até mesmo frustrações.

Sendo assim, a sexualidade como parte de todo o processo que a pessoa vivencia de envelhecimento, deve ser revisitada com autenticidade, sem tabus, sem receitinhas mirabolantes, normas ou determinações estatísticas. Faz-se necessário compreender que cada indivíduo é único e suas peculiaridades sexuais precisam ser respeitadas individualmente.

Ler sobre o assunto, conversar com seus (suas) amigos (as) pode fazer bem, mas acima de tudo, a sexualidade na maturidade torna-se mais enriquecida, se conversada a dois, priorizando nessa pauta suas percepções, seus desejos, seus desconfortos, suas dúvidas e medos, ouvindo e falando tudo isso com sua parceria com quem dividi esses momentos.

Muitos são os mitos que encobrem a sexualidade após os 50 anos, como o estabelecimento da frequência sexual ideal, posições e tempos de duração de atos sexuais, deixando essa vivência presa a cartilhas e estereótipos, os quais desencadeiam a falta de espontaneidade, o relaxamento e a delícia em desfrutar do momento. Além disto, a ideia de ter que seguir um padrão popularmente divulgado como “bem resolvido (a) sexualmente” fere a individualidade de cada ser que é único, especialmente nesse aspecto.

Destaca-se um grande vilão, aos olhos de algumas pessoas, no que se refere ao descompasso sexual entre homens e mulheres: as alterações hormonais. Nessa faixa etária dos 50 anos, as mulheres em sua grande maioria, enfrentam a menopausa e seus sintomas muitas vezes considerados desconfortáveis (fogachos/ondas de calorão, ressecamento vaginal, cansaço, entre outros). Isso se dá pelo fato dos ovários deixarem de produzir estrogénio e progesterona, perdendo a capacidade reprodutiva. Já os homens, a partir dos 50 anos, podem apresentar uma diminuição “gradual”, não total, da produção de testosterona. Os sintomas no corpo masculino podem aparecer, geralmente, de maneira muito sutil, como uma leve diminuição da libido (desejo sexual), disfunção erétil (dificuldade em ter/manter ereção peniana) de vez em quando, aumento da gordura corporal, perda de massa óssea (osteoporose), perda da massa muscular, diminuição dos pelos (barba, cabelo), anemia, irritabilidade.

A homeopatia é uma ciência que trata o paciente como um todo, (físico, emocional e mental) de forma integral e individualizada, a fim de harmonizar a energia vital e com isso melhorar a saúde física, equilibrando as emoções (traumas, medos e ansiedades) que muitas vezes estão na raiz do problema físico questões de origem psicológica.

Para questões relacionadas à sexualidade, existe uma gama enorme de homeopatias que podem auxiliar nas questões físicas, como estimulantes sexuais propriamente ditos, e estimulantes emocionais, no caso de desejo físico, mas com baixo interesse sexual, mas independente de como o problema se apresenta, existe como auxiliar nesta questão tão delicada e importante na vida dos cinquentões.

Ainda citando os mitos, destaca-se outro, o qual é importante ser discutido: “Ao fazer uso de medicação alopática não se deve fazer uso de homeopatia”. Isso não é verdadeiro, pois a homeopatia pode auxiliar e acelerar o processo de reequilibro corporal, como no caso dos calorões, insônia e irritabilidade da menopausa e dores decorrentes da idade.

Quando bem administrada, de uma forma individualizada sua ação é rápida, eficaz, duradoura e não causa efeitos secundários e nem habituação e por este motivo pode ser utilizado em qualquer fase da vida, independentemente da idade e do estado de saúde do paciente.

Além do uso deste recurso maravilhoso que é a homeopatia, mudanças comportamentais também auxiliarão nesse processo. Ao constatar cansaço das parcerias, por exemplo, a sugestão é o casal se recolher para sua privacidade e desfrutar da sua intimidade antes das 22 horas. Por que não?

Outra ideia é desconsiderar as técnicas acrobáticas, apostando mais em massagens, óleos corporais de aromas e sensações prazerosas, entre outros tipos de demonstração de afeto, afinal, a sexualidade não consiste somente na penetração, nem tão pouco a sensualidade fixa-se apenas na beleza de um corpinho “fitness”, mas sim nas atitudes. Os recursos como filminho erótico, brinquedos, jogos das “sexshop” e demais fantasias, quando apreciadas a dois, pode reacender aquela chama incendiante… A vivência sexual pode ser composta de diferentes jogos sensuais, onde os principais fatores são a criatividade e a fantasia; e isso não deve diminuir nem com as quedas hormonais, nem com a idade.

Então, após os 50 anos, todos podem viver uma sexualidade livre, responsável e preventiva (frente às IST’s – Infecções Sexualmente Transmissíveis) e se for conveniente para a pessoa, complementada por uma maneira um pouco mais ampla, onde afeto, o carinho, os abraços, a cumplicidade e a parceria acompanhem o sexo, proporcionando prazer e satisfação.

A maturidade alcançada nessa fase deve incluir autoconhecimento e autoaceitação. Se tais possibilidades parecer difícil, a psicoterapia pode auxiliar nesse processo. Interessar-se pelo processo de busca interior e de investimentos na espiritualidade, por exemplo, como mais uma consequência do desenvolvimento pessoal, pode trazer benefícios para todos os aspectos da vida do indivíduo, inclusive ao sexual. A vida de um cinquentão ou cinquentona pode vir a ser de grande riqueza interior, no que concerne ao encontro com sua própria essência. Assim, torna-se viável viver com plenitude na maturidade, celebrando de forma mais positiva o ser e o apreciar a vida e suas belezas… Desfrute os 50!!!

Por Cristiane Richter, Acupunturista, Consteladora Sistêmica Familiar e Psicóloga e Denise Hardt, Terapeuta Homeopata, ambas atendendo no Espaço Vida Centro Terapêutico.

Leia também: Acupuntura e Homeopatia na Menopausa

Referências Bibliográficas
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NOGUEIRA , Fernanda Nícia Nunes. DO INDESEJÁVEL AO INEVITÁVEL: a experiência vivida do estigma de envelhecer na contemporaneidade. Universidade de Fortaleza – UNIFOR. 
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SCHNEIDER, Rodolfo Herberto e Tatiana Quarti Irigaray. O ENVELHECIMENTO NA ATUALIDADE: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. SP, 2009.
Uchôa, E. (2003). Contribuições da antropologia para uma abordagem das questões relativas à saúde do idoso. Cadernos de Saúde Pública, 9(3), 849-853. SciELO (Scientific Eletronic Library OnLine) .
Zimerman, G. I. (2000). VELHICE: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: ArtMed.

 

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